O Escaravelho do Diabo na política brasileira
Diante desse estado de vertigem, no qual a crise política, econômica, social e ambiental, mas principalmente a problemática da política toma posse do cenário nacional, venho aqui expressar minha visão sob esta realidade que meus neurônios insistem em estranhar e não se cansam de se espantar.
A política não tem uma fórmula mágica para resolver os problemas da vida de ninguém, mas pode ser um instrumento interessante para entender melhor as diversas e divergentes situações que se apresentam no cotidiano, gerando meios que possam fundamentar nossas escolhas, para que sejam melhores e mais conscientes.
Porém, o contrário também pode acontecer, a falta de curiosidade, a desinformação, o desinteresse, a falta de percepção diante dos fatos que nos rondam, podem acarretar por exemplo em posturas antidemocráticas, coercitivas, racistas, machistas, homofóbicas e classistas que construirão um cenário diferente do ideal político do bem estar da coletividade e das relações permeadas por ações de empatia.
Sendo assim, podemos afirmar, que um espectro sombrio negativo da política domina nossas cidades, limita nossas mentalidades e destrói nossa civilidade e enterra nossa sociabilidade.
De tempos em tempos, a sociedade brasileira é convidada a eleger seus membros para que governos sejam postos ou recompostos. Interessante que esse processo tão necessário, legível e primordial, coexista com um grande número de indivíduos “animais políticos” (como já definiu Aristóteles há 2.500 anos atrás), e que estes indivíduos em número quantitativamente considerável não assumam a responsabilidade devida nesse processo e atuem de maneira indiferente as consequências de seus atos, que afetarão a convivência com os outros.
Mas se o dito eleitor já não é um ser muito disposto e sério com o seu compromisso político, há um outro grupo de pessoas que se aproveita disso, o grupo dos candidatos, que está sempre antenado para usar as devidas e nem sempre éticas estratégias para entrarem ou manterem suas vivências nas âncoras do dinheiro público. Só mesmo uma micropartícula dos representantes escapa a minha pretensa crítica.
E nessa estrutura de vida da comunidade dos homens, que nos leva necessariamente a tomar parte de grupos humanos, nossa existência condicionada a viver junto a mais outras pessoas iguais e diferentes de nós, é causa de muitos conflitos de vontades e interesses nem sempre convergentes e repletos de paradoxos. O impasse é inevitável, e dependendo da circunstância, pode ser a válvula necessária para a eclosão da guerra. O campo político não é um território de paz.
E o cenário brasileiro que nunca foi de paz está inevitavelmente em chamas ideológicas , uma sociedade em erupção, onde o jogo do poder apresenta-se, assim, por inúmeras razões , com aspectos sórdidos, imorais, apelativos, altamente manipuláveis, com máquinas de inverdades e atuação midiática lunática e fanática, que acaba por resultar numa luta da vontade de um em transformar a vontade dos outros , o que tem implicado em mortes , cujo delito é a mera discordância de opinião e escolha oposta a sua. Que trágico!
A questão espinhosa se impõe: através de que enquadramento ideológico, de que partido (coligado ou não) ou para qual personalidade irá seu desejado voto?
A ação (e ir votar é uma ação) é um movimento deliberado carregado de influências que passam a dominar nossos atos e quando nos convencemos destas ideias, passamos a agir inconscientemente guiados por elas. O que fica evidente, então, é o risco relacionado a um processo de alienação que torna o convencimento ideológico altamente potente, falseando uma realidade e com isso se abre um barril de estupidez.
Conhecimento e discernimento da realidade que nos cerca somente passando por um funil.
Imersos e alardeados por uma estrutura de interesses de classe que utiliza a seu favor os meios de comunicação, a destruição é possível para todos. E o inconformismo e as revoltas de milhões, caminham lado a lado, no ambiente de pessoas absolutamente na miséria.
E em ano eleitoral, os candidatos são experts em tocar nas dores da sociedade, consequentemente, quem mais atingir a ferida, mais alcançara o desejo dos eleitores, que se converterão em votos e colocarão este sujeito na cadeira do poder.
Este sujeito ou estes sujeitos colocados institucionalmente no poder não necessariamente agiram com a verdade, logo, não é garantia de que os interesses do povo serão atendidos, o que pesa então, é que parte será contemplada, porque, não por benevolência, mas por futuros interesses e um movimento correto de “peças do xadrez” é necessário agradar em boa medida o eleitorado, para que se construa bases para as próximas disputas.
A disputa atual aqui no Brasil se encontra diante de um quadro tenso, em virtude, principalmente, dos seis anos anteriores, que promoveram de início um golpe de estado e sequencialmente articularam e colocaram seus “soldadinhos” para gerenciar o ataque a classe trabalhadora, destituindo direitos, flexibilizando leis a favor do empresariado burguês, promovendo desemprego e miséria em níveis alarmantes, colocando indubitavelmente o país na extrema miséria.
O sistema social dominante hoje no Brasil, renega todos os valores que não estejam em conformidade aos valores econômicos e desse fuzilamento com bases no processo capitalista de globalização institui-se paralelamente uma lógica cultural sabotada, aniquilando identidades (indígenas, negros, mulheres, pobres, comunidade lgbtqia+ e outras mais).
A lógica da perversidade e da desintegração social elimina da pauta questões de justiça social, daí, a impotência política dos dominados presos em micropolíticas que alimentam misticismos, seitas e intolerância. Quadro complexo do sistema econômico dito neoliberal representado agora por muitos candidatos eleitos no primeiro turno da votação e com a suprema luta presidencial agora no segundo turno.
Após essas explanações, conclui-se, facilmente, o nefasto e suicida momento que vive nossa frágil democracia!
Que possamos construir uma formação social concreta que represente um conjunto de ideias, uma proposta verdadeiramente coletiva em conexão com a realidade que corresponda ao que de fato necessitamos nesta nação, para que este país não se prenda aos terrenos das utopias, mas que, em uma luta de um despertar da consciência crítica façamos das expressões simbólicas e das vontades de cada um, um fazer de mudanças profundas de intervenção na esfera social, fazendo da participação popular um viés decisório, inclusive no voto!
EU VOTO LULA!