DEVANEIOS DO PENSAMENTO III

 


Um outro olhar para o homem, para a verdade, para o conhecimento, para a liberdade. Vamos recorrer aos clássicos, à poesia, à música, à literatura, ao cinema e ao cotidiano de cada um de nós. Que tal lançarmos uma busca por novos questionamentos, ressignificar nossa existência.

 E porque não acreditar na queda de governos tiranos, no desaparecimento de indivíduos insanos, no fim da barbárie e na abolição da corrupção política amiga da especulação imobiliária e parceira das crises econômicas , que tal não duvidar de uma nação tipo a Utopia de Thomas Morus mesmo com a crítica de Maquiavel em O Príncipe sobre vender Repúblicas e Principados (treta para o filósofo Platão), quando o melhor, segundo ele, é encarar o  mundo tal como ele é, então, escolher filosofar , pode ser um caminho, porque o mundo que desejamos está muito distante daquele que de fato vivemos.

Não se trata  de conceituar ou mesmo definir ou abraçar a filosofia como caminho de escape as torturas e tormentos desse mundo louco, mas assim como alguns filósofos como Platão, Aristóteles, Descartes, Kant, Hegel e inúmeros outros filósofos , importa aqui, é não se render ao apocalipse posto pelos humanos desumanos.

E assim decididos, acima do próprio medo ou indiferença , é ter coragem para ousar encontrar respostas que abrirão crateras de novas indagações tão profundos que veremos aquelas conhecidas como superficiais e rasas.

Precisamos entender que do ponto de vista filosófico , falar da natureza humana é pensar sobre a essência do homem, embora haja muitas discordâncias sobre esse assunto, um ponto inegável é que somos racionais, ou seja, o homem é um ser racional, onde a posse e o uso da razão o distingue das demais espécies. 

De modo que, refletir, emitir juízos, dominar e modificar a natureza , desenvolver técnicas científicas , elaborar conceitos e ideias lhe é algo característico.

Então o homem é capaz de muita coisa.... só que, bem, isso não está sendo muito legal! A construção de um mundo trágico, de guerras e de sangue derramado a torto e a rodo  é que tem marcado nosso dia a dia, intermináveis cenas de desagrado vem se reproduzindo mundo afora , o terror e as ações da sociedade , encabeçadas por muitas ditas e eleitas autoridades , deixam a deriva o slogan do progresso, o pensamento humano, parece não mais estar sendo guiado pela razão, o homem inteligente e criativo, é uma bomba atômica explodindo em cada canto dessa terra.

Então com dor assistimos ao vivo ou em telas o mundo do horror 

“Se o sentido mais próximo e imediato de nossa vida não é o sofrimento, nossa existência é o maior contrassenso do mundo. Pois constitui um absurdo supor que a dor infinita, originária da necessidade essencial à vida, de que o mundo está pleno, é sem sentido e puramente acidental. Nossa receptividade para a dor é quase infinita, aquela para o prazer possui limites estreitos. Embora toda infelicidade individual apareça como exceção, a infelicidade em geral constitui a regra”. (Schopenhauer 1974).

O que significa no fundo isto? Consiste em uma autoconsciência , que parte de uma consciência sensível, teórica e prática, que precisa de mediação, de superação, de estímulos afetivos e de outros sentidos, além de estranhamentos que transcendem nossa limitada visão de nós mesmos sobre o próprio mundo  que vivemos, porque estamos fora de nós, perseguindo fins subjetivos e dificilmente realizáveis, quando talvez, não dê mais para se apegar a religião nos limites da simples razão.

Daí cabe dizer que 

“O homem religioso assume um modo de existência específica no mundo e , apesar do grande número de formas histórico-religiosas, este modo específico é sempre reconhecível. Seja qual for o contexto histórico em que se encontra o homus religiosus acredita sempre que existe uma realidade absoluta, o sagrado, que transcende este mundo, mas aqui se manifesta,  santificando-o  e tornando-o real. Crê , além disso, que a vida tem uma origem sagrada e que a existência humana atualiza todas as suas potencialidades na medida em que é religiosa , ou seja, participa da realidade”. ( O sagrado e o profano: a essência das religiões, 1992).

Essa citação é uma mensagem que nos dimensiona a captar a realidade de um modo distinto da maneira como a filosofia, a arte, a política, a mística a percebem - há outros protótipos vagos e desconhecidos das inquietações humanas, alguns podem ser idealistas, outros realistas, virem como categorias desinteressadas ou como partes da verdade, porém, há que se dizer, que  a angústia tão facilmente não cessará de nossas mentes e corações ao ponto de não se colocar como neutra, mas, definitivamente como uma certeza indubitável.

O afrontamento  pelo homem dos problemas  que a realidade apresenta é questão de olhar no espelho e ver , que fundamentalmente somos nós mesmos as causas inconsequentes  de uma trágico cenário de máscaras teatrais no palco das simulações de interesses não convergentes escondidos por detrás de cortinas sombrias  que escondem uma possível luz que só será alcançada se nossos olhos de fato quererem ver aquilo que só o amor pode enxergar para mudar  , do contrário, a morte já se faz anunciar!