"5015 - O CONTO" : UMA POESIA QUE ME EMOCIONOU


 Falo sobre uma poesia que me emocionou!  

“5015 – O conto” poesia de Anderson Silva registrada no livro “Meus Escritos” é uma poesia que me emocionou! 

Por quê? 

Porque ela descreve uma rotina “busística” de busão, de ônibus

“Ônibus que vem sempre devagar” (pág.34). 

Eu sou um sujeito que vivenciou intensamente essa experiência durante quase uma década, entre trajetos da Tusmil – viação que opera na cidade mineira de Juiz de Fora e mais alguns anos aqui na cidade de São Paulo, na viação Bola Branca. 

O meu papel? Fui cobrador de ônibus! Que função! Quantas histórias, quantas situações, alegrias, tristezas, surpresas, inconvenientes, tédios, encantos, desencantos, enfim, um turbilhão de coisas improváveis. 

“Numa viagem bem demorada, vejo muitas pessoas entrarem” (pág.34) 

E então, muitas coisas acontecem. 

Dessa maneira, conforme caminhava na leitura dessa magnífica poesia, parte da minha existência voltava a se encontrar no interior do ônibus, muitas vivências e inúmeros momentos instantaneamente foram sendo relembrados. 

“E nessa longa viagem, até o meu destino final, permaneço a escutar minhas músicas” “No auge do meu sono, viajo dentro de mim mesmo! Quantas coisas no meu coração. Quantas coisas dependendo da minha decisão” (pág.34/35).

Estar diariamente dentro de um ônibus urbano, trafegando nos mais distintos espaços dessa cidade multifacetada, é de uma aprendizagem de dimensões inimagináveis! Eu operava na linha 5362/10 (Cocaia /Pça da Sé). De uma Av. Da. Belmira Marin para uma Av. Ibirapuera, de repente, assim, públicos se misturam no percurso. 

“Vejo que um trajeto de 20 minutos, foi feito em 50” (pág.35/36).

Curioso recordar, que na linha que operava, geralmente, viagens de uma hora demoravam duas horas, e não me lembro exatamente o dia, mas numa dada ocasião o trajeto demorou quatro horas para ser concluído do bairro até o centro, o caos do caos! Por isso, voei nesse verso que reflete tempo, e com isso, inevitavelmente começamos a lembrar que temos em nós um enorme espaço cerebral! E será que de fato aproveitamos todo nosso tempo e energia? 

 E nesse tempo todo, ônibus vazio, ônibus cheio e vazio novamente.

A vida segue, a batalha continua, e de novo no ponto me encontro.

“Mais um dia esperando pelo ônibus” (pág.34). 

E assim, diferentes expectativas e algumas sensações podem ocorrer. 

Meus Escritos de Anderson Silva são percursos de ideias firmes, práticas, humoradas, românticas, existenciais, que agitam o pensamento e proporcionam felicidade, satisfação e reflexão de histórias da vida real. 

E até hoje carrego firmemente um pedaço dessa realidade de tempos atrás, que é a minha esposa. Naquele tempo só “uma passageira”, que garrou na catraca e ficou!

Entretanto:

“O que será que se passa na cabeça dos motoristas” e “Como será que estão as coisas em casa”? 

A melhor resposta é “Bom, sei lá” (pág.34). 

Questionamentos que podem ser invertidos, porque eu fazia isso quando pensava nos passageiros! Pessoas de bom humor, pessoas mal-humoradas, indivíduos simpáticos, indivíduos ignorantes, educados e estúpidos, todos bem ali, sentados ou em pé, no busão que segue, para, abre a porta, fecha, dispara, que para de novo! 

E no final de tudo, o resultado é

“Umas pessoas estressadas; outras bem aleatórias. Algumas se dizendo manos. Outras, nem sabem o que é ser humano”! 

E vamos convivendo nesse mundo conflituoso, dividido entre o arcabouço do sagrado e do profano.

5015 – O conto, é assim que eu te conto, 

Obrigado Andersom Silva pelo encontro!

PS: Em escritos de Anderson Silva você encontra outras várias maravilhas de escritos que podem de remontar alguma memória, vale muito a pena!