SUPERFICIAL EU NÃO ME ENGANO


Olá , eu sou a civilização.

Eu sou a modernidade do mundo , o encanto dos solhares, o apreço das invenções , o apego das coisas, o âmago das ideologias, a busca incessante de sentidos, a náusea do cotidiano, o vômito dos tolos, a estupidez dos anúncios publicitários, a melancolia da existência e até mesmo a vida da morte. 

Sou desse tempo que indivíduos lutam por taças vazias , acreditando que irão preencher o nada que são, e assim em rotas que buscam ilusão, danificam o tão preocupante coração.

Eu habito no cotidiano da vida na cidade dos homens, mas, fico pensando na vida cotidiana da cidade dos céus! 

Eu estou na centralidade de um existir mecanizado em padrões que matam a vida, que fornicam a alma em processos estúpidos e entendimentos covardes e inocentes.

Eu sou da época do engessamento do pensamento sem espírito que gera indivíduos do medíocre, que com ideias podres , andam pelo esgoto , suas palavras são arrotos!

Sou da tribo de pessoas físicas e jurídicas, divididas em antagonismos de classes, que nos colocam em conflitos e paradoxos , é lógico, perverso e não inteligível.

Existo como membro desmembrado dessa sociedade que vive sangrando nos arames farpados de corações dilacerados, agoniados, sufocados, entediados!

Estou dentro de um aparato técnico/burocrático/idiossincrático.

Estamos morrendo no veneno que produzimos nas nossas cabeças!

Que nascemos e morremos , é bom que não lamentemos!