Refletindo sobre a questão urbana, logo, criamos, facilmente, condições para refletir sobre as condições de vida nas atuais cidades brasileiras, considerando, é claro, seu longo e sofrível processo de urbanização e suas características de segregação socioespacial comumente presentes nas grandes metrópoles.
O cotidiano urbano está marcado por violências múltiplas e desigualdades sociais cada vez mais emergentes nas cidades grandes e médias, cujos espaços segregados transformam-se em reais territórios de disputas, inclusive, com situações de constante conflito armado.
Frequentemente nos são apresentadas matérias jornalísticas, gráficos estatísticos de mapa da violência e também, vivenciamos e experimentamos acontecimentos diretos em nossa vida social.
Deste modo, discutir essa problemática da urbanização violenta, promove estudos necessários para a compreensão da questão urbana no Brasil.
Para tanto, alguns fatores devem ser seriamente considerados: a saber:- história da urbanização vivida pela humanidade; processos de urbanização históricos; caracterização da cidade contemporânea; processo de favelização; questões de planejamento futuro, com ênfase na atuação dos movimentos sociais urbanos nesse processo construtivo.
Centralizando a análise da questão urbana no que se refere as desigualdades sociais, percebemos que em termos de Brasil, a estrutura histórica da nossa construção ainda se encontra engessada em base arcaicas e conservadoras, em razão da mentalidade latifundiária, paternalista, ruralista, religiosa, que visam assegurar a manutenção de privilégios para uma determinada classe social, classificada nos tempos atuais como o grupo da elite e ou burguesia.
E no contexto atual (crise pandêmica) na vida social e econômica estão ocorrendo, paralelamente, sérias transformações, em que cujas estatísticas oficiais, vem demonstrar ainda mais o fosso social criado pelo sistema econômico capitalista, que, como lhe é peculiar, favorece absurdamente um lado minoritário, enquanto do outro do da ponte, uma esmagadora maioria tem suas condições de vida ainda mais precarizadas!
Conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os 1% mais ricos do Brasil, concentram renda equivalente a 50% da renda dos mais pobres, ainda os 5% mais ricos do Brasil detém 95% da renda dos mais pobres, o que já é suficiente para afirmar que a desigualdade social no Brasil é insustentável!
Outro dado alarmante é que 12% da população brasileira vive com R$ 246, o que representa 27 milhões de brasileiros, o que comprova um assustador flagelo social! E extensão dessa realidade é vista facilmente nas ruas, com aumento de sem teto e famigerados espalhados por todos os cantos.
Infelizmente, no Brasil, o que sabemos é o que os detentores de grandes fortunas são os que, realmente conduzem o direcionamento da economia, e por isso, consequentemente, são contra, por exemplo, a política de taxação de grandes fortunas, onde se encontram 59 mil brasileiros cujos patrimônios superam a marca dos 10 milhões, esse grupo corresponde a somente 0,028 % da população. Se essa proposta de taxação sob grandes fortunas fosse aprovada com índices variando entre 0,5 % e 1,5%, a arrecadação seria da ordem de 40 bilhões, um valor considerável para auxiliar e promover justiça social.
E com tanta miséria alguns ainda falam em uma sociedade do resplendor do progresso, uma contrapartida, com o mundo real pelo qual vivemos, da escala ilimitada de condições subumanas, da afronta total a dignidade da pessoa humana, uma intransigência sistêmica que arregimenta a humanidade a um quadro apocalíptico de desumanização.