Uma era de incertezas, de anseios, dúvidas e angústias, paira fortemente no cenário nacional, onde vulgarmente se conflita a coexistência do velho com o novo, numa famigerada realidade social que assola todos os níveis da realidade.
Pense bem: na época moderna era velho tudo o que era feudal e novo tudo o que era capitalista, e isso é muito confuso, pois, nem sempre podemos distinguir bem o que seja o velho e o que representa o novo.
Embora o que determine as transformações estruturais sejam as mudanças nas bases materiais, nem sempre o aspecto dominante do período é o econômico.
O caráter marcante de nossa atualidade é muito ideológico! Seu pressuposto básico é medido pelos interesses de uma suposta elite dominante, que na visão de alguns autores como Jessé Sousa é uma “Elite do atraso”, constituindo-se em grupo pequeno que só tem interesse por grandes privilégios exclusivamente para si, sangrando a nação e se vendendo ao capital estrangeiro.
E num contagiante processo de manipulação ideológica provoca tensões profundas que normalmente atacam os interesses dos trabalhadores às expensas dos interesses empresariais, e para seus mais duros golpes, aproveitam-se de qualquer situação, inclusive, essa de agora, a do caos pandêmico da covid-19.
E desse modo o país vive um período de descrédito total em suas instituições, até porque, essa superestrutura jurídico-burocrática se encontra gerenciada por mentes colonialistas e de sucessores de capitanias hereditárias.
Então, a escravidão entre nós continua sobre máscaras modernas. Um disfarce miraculoso da verdade. A escravidão continua clara e não tem o menor pudor de disfarçar. A exploração existe em todos os cantos da sociedade promovidos por todas as ideologias.
E cria-se com tudo isso e historicamente um ambiente contrafatual, onde a sociedade fica imersa no jogo mortal das falas do tipo “Foi A que causou B, e que se A não tivesse acontecido, tampouco B teria ocorrido”. Joga pra lá, acusa pra cá, e o status quo é mantido, com quase ou nenhuma alteração da ordem vigente, assim, não se adentra profundamente em questões invisíveis à imensa maioria da população.
E importa dizer que o “estado de bem estar social” nasceu simplesmente pelo desastroso e ineficaz liberalismo, que acentuou drasticamente as desigualdades sociais em todo mundo.
De maneira que somos profundamente marcados por traços culturais e históricos enraizados, ou seja, o ódio ao pobre é herança viva da escravidão. Tudo faz sentido. Progresso, riqueza e "desenvolvimento" com exclusão, miséria, ignorância e fome das maiorias, determinam o escravagismo histórico e o engodo da necro "democracia".
Em sentido geral, o Brasil mazelado é um paciente que carece daquilo que é necessidade básica para viver, jaz no limite, pronto para cair, porém, lá no além do infinito, ainda, consegue focalizar forças mínimas restantes para não sucumbir e permanecer de pé, mesmo, com as pernas bambas, a mente confusa e a barriga vazia!
PENSAE!