TEXTO: O TRABALHO, O SALÁRIO E O CAPITALISMO – UMA BREVE HISTÓRIA IMORAL

 


O TRABALHO, O SALÁRIO E O CAPITALISMO – UMA BREVE HISTÓRIA IMORAL

Se perguntássemos qual é o meio de sobrevivência da maioria dos indivíduos na sociedade, você facilmente acertaria! Não é verdade! Hoje a maioria de nós temos por base principal de sustentação um trabalho assalariado. Porém nem sempre foi assim!

Em algum ponto da história, pessoas que não eram proprietárias de alguma coisa, acabavam por ter que vender a única coisa que de fato tinham, a saber, sua força de trabalho, ou seja, sua força física e intelectual em troca de alguma compensação material.

Mas vender para quem? Vender para aqueles que dispõe de dinheiro e dos meios necessários para a produção (matéria prima, equipamentos, instrumentos de trabalho), basicamente é assim a premissa daquilo que conhecemos como trabalho assalariado, que é um pilar fundamental do sistema capitalista.

De modo que em nossa sociedade quem recebe um salário acaba por devolver esse aparente ganho no mercado, onde busca a aquisição daquilo que lhe é necessário a sobrevivência. Uma relação que se configura no campo da alienação, uma vez que tudo o que foi produzido no local do trabalho não lhe pertence; o que acontece, é que todos os trabalhadores, estão ali, operando, uma venda de sua força de trabalho para os donos do meios de produção que vão se apropriar daquilo que é produzido por esse contingente.

Karl Marx demonstra que o salário pago aos operários não representa o conjunto das riquezas produzidas pelos trabalhadores, mas apenas o preço da mercadoria força de trabalho, que corresponde aos meios necessários à sua subsistência (Salário, Preço e Lucro, pág. 9).

Assim, os donos dos meios de produção obtém lucro, na produção e comercialização das mercadorias, já que o que é pago aos trabalhadores é algo bem inferior do que o próprio valor das mercadorias em si, então, o trabalho assalariado é fonte de lucro para os donos, e o que o trabalhador recebe é sempre, uma parcela bem reduzida da riqueza gerada.

Dadas essas condições temos elementos essenciais para compreender os principais mecanismos que envolvem e estruturam uma sociedade de sistema capitalista – o Capital dos donos dos meios de produção e o trabalho das pessoas que tem como único bem sua força de trabalho, do qual o Capital adquire para si pagando salários; o trabalho produz as coisas e o capital toma posse.

É inegável que nessa equação, vigora, uma lógica perversa de exploração, que produz enormes disparidades econômicas, em níveis individuais e coletivos, entre pessoas e países, na visão micro e macro; consequentemente ocorre o enraizamento das desigualdades sociais de um mundo em colapso global.

Um grande desafio domina a realidade social -  até que ponto insistiremos na manutenção ideológica, sistemática e destrutiva de um dito capitalismo humanizado?

 Muita luta há que se fazer para a construção de um novo modelo econômico, luta que passa, acima de tudo, pelo campo da consciência, da vontade e da persistência por uma estrutura política - social- econômica, de novas posturas e mentalidades.

Reconhecer o resultado desfavorável desse modelo dominador do capitalismo, implica numa concepção negativa desse próprio sistema, condição racional necessária para inverter a lógica da própria dominação do Capital, concebendo um mundo mais franco com resoluções humanizadas.

Penso que não só é necessário acabar com esse modelo excludente, como também se faz necessário emergir um novo elemento mediador que coloque a democracia como meio resolutivo para o encaminhamento predominante de um mundo menos “cifras” e mais “vidas que importam”.

Quer entender mais profundamente essa questão?

Sugiro a leitura da obra Salário, Preço e Lucro, Karl Marx, editora Edipro.