TEXTO: A DESINTEGRAÇÃO DAS ESCOLAS COM A CIDADE REAL – EDUCAÇÃO E MANIPULAÇÃO TECNOLÓGICA




Diversas escolas estão localizadas em diferentes bairros e localidades e isto tem consequências diretas para a comunidade escolar como um todo. Escolas localizadas em regiões centrais ou em bairros nobres comumente apresentam dinâmicas cotidianas muito diferentes das escolas que se localizam em periferias distantes, onde a maior parte da população é de baixa renda. 

De maneira que as escolas funcionam com particularidades relacionadas e impactadas pela realidade sócio-econômica, cultural e ambiental de onde estão localizadas. Daí, é importante a adoção de práticas articuladoras e integradoras da escola com o seu entorno, levando em conta os desafios e dificuldades que isso possa acarretar. No projeto político-pedagógico de cada escola, deve-se pesquisar formas de identificar os anseios, carências e necessidades mais primordiais da população do entorno, para que, de algum modo, sejam consideradas e estudadas institucionalmente. 

A escola não pode estar desvinculada da comunidade em que está inserida. A formulação e implementação de políticas de educação devem ser condizentes com a realidade de cada localidade - já se pensando nisso desde a construção do prédio, de modo que atores da comunidade escolar sejam envolvidos e contribuam de imediato com o projeto de participação democrática.

Porém, é notório que há muito tempo ou quase sempre, ocorre uma dissociação entre o que as autoridades planejam, o que as escolas de fato necessitam e o que a comunidade escolar de fato almeja! E inclusive agora em tempos de pandemia global um outro problema se anuncia claramente, que é aquele relacionado ao uso de novas tecnologias de informação e comunicação. 

Certamente que esse caos educacional tecnológico é resultado de políticas indiferentes e mal elaboradas, quando não mal intencionadas que por longos períodos negligenciaram reais investimentos em estrutura, aparelhagem e formação técnica, tanto para professores quanto para alunos - agora, simplesmente, querem o salto mágico "Cinquenta anos em cinco"( fracassada marca do governo de Juscelino Kubitschek). 

Centros de mídias, aplicativos dos mais variados possíveis, ferramentas para reuniões online, microsoft teams, google meet ,google sala de aula, e por aí vai, toda uma parafernália de telemáticas educacionais sendo literalmente jogadas para docentes ,discentes, pais, mães, responsáveis, assim, do nada , de uma hora para outra, sem o menor cuidado para isso (sem um prévio levantamento de dados estatísticos para identificar quem de fato tem acesso a internet ou  quem realmente  dispõe de ferramentas como computador, notebook, tablet ou celular , são exemplos do que se deveria ter feito a tempos  para se constituir uma banco de dados para ações emergenciais e situações extremas como a que estamos vivenciando) e o pior, envolta disso, mídia e governantes, tentam transformar a educação num espetáculo midiático, como se tudo agora, estivesse uma maravilha, funcionando e integrando tudo e todos ,ou seja, a escola arcaica e estática, agora está atualizada e perfeita! Pasmem!

Evidente que a educação enfrenta novos desafios para se ajustar as novas transformações sociais impostas e estruturadas por uma nova sociabilidade e diretamente influenciada pela mídia, porém, essa lógica da adaptação não necessariamente está arquitetada para a melhoria do ensino; o comprometimento com uma educação de qualidade não se encontra seriamente incluído nesta pauta do desenvolvimento de novas mídias para ensino a distância - os recursos multimídias ainda se limitam mais ao domínio das intenções do campo político , campo este, mais preocupado com eleições e votos do que com construção de indivíduos dotados de senso crítico e com autonomia de pensamento.

O atual modelo de educação (formal e não formal), deve se libertar do amontoado de ilusões e deixar de ser fabrica concreta de alienação, ser menos demagogo, para algo mais sério e construtivo de uma plena cidadania; porém, isso só ocorrerá com muita luta das minorias, que diariamente são massacradas por estas políticas nefastas e irresponsáveis , associadas aos grandes interesses do capitalismo selvagem (interesses que não são éticos e nem morais),  mas , somente aguçados e inclinados a lógica desumana do lucro. 

Crer cegamente no poder tecnológico, é impedir a nossa consciência dos reais problemas que circundam a escola, o conjunto das carências educacionais vai mais além; o desequilíbrio entre avanço tecnológico, desenvolvimento científico e a estrutura sócio - econômica de nosso país, caminha em um gigantesco descompasso cada vez mais gritante - é necessário uma nova postura, não só de competência profissional mas de uma atitude ética, moral e verdadeiramente humana!